POR DETRÁS DA IMAGEM
Texto e fotografia por Miguel Serra
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Trago-vos algo completamente diferente do que tenho vindo a apresentar. Um estilo onde a subjetividade e a criatividade não têm fronteiras.
Uma fotografia captada no dia 1 de maio de 2023, no Rio Zêzere, num pequeno troço no lugar da Várzea, em Manteigas, onde o fluxo da água passeia tranquilamente nesta época do ano. Um registo que carimba o início da série “Fluxos de mim”.
Para além das imagens já realizadas no âmbito deste conceito, fica o compromisso de realizar outras abordagens com correntes mais velozes, após a regular precipitação durante as estações do outono e inverno.
Depois de ter investido algum tempo na construção deste tipo de imagens, surge casualmente a descoberta de um portefólio fotográfico que de alguma forma alimentou significativamente o meu ímpeto e que merece aqui uma menção.
Como considero que contemplar bons registos fotográficos pode ser um bom princípio na acomodação da nossa inspiração, rapidamente fiquei deslumbrado com a linguagem visual do fotógrafo TJ Thorne, nomeadamente no que concerne ao estilo destas imagens.
O meu entusiasmo pelo trabalho deste autor que cresceu na zona rural da Pensilvânia (EUA), levou-me poucos dias depois a adquirir a sua obra sob o título “Ebb and flow”, que integra 100 fabulosas fotografias do género, registadas entre 2018 e 2021, nos estados da Califórnia, Oregon, Utah e Washington.
Para além de tudo isto, a obra encerra-se numa belíssima impressão, com acabamento de capa dura e dois textos de abertura dos fotógrafos William Neill e Alex Noriega, numa chancela da Platanus Editions.
Composição
A divisão diagonal marca vincadamente a imagem, onde o traçado do movimento da água impõe dinamismo. Do lado esquerdo, uma componente homogénea. Do lado direito, a rocha submersa no fundo do rio consegue incutir uma face mais irreal à cena.
As linhas brancas são o reflexo da luz solar na água, num efeito causado pelo movimento do caudal do rio em harmonia com a velocidade de obturação usada.
Dicas
O movimento e a profundeza das águas cristalinas dos cursos de água podem proporcionar resultados surpreendentes, abstratos e muito eletrizantes. Imagens do género comprovam que posso ser criativo a qualquer hora do dia.
Para além da técnica empregue, múltiplas são as variantes para a concretização deste tipo de fotografia, nomeadamente: a intensidade e a orientação da luz, bem como o movimento e a agilidade do fluxo da água.
Uma descoberta de formas e cores que o movimento da água revela subtilmente. Razões mais que suficientes para me manter à tona da água, quanto mais próximo do sujeito melhor.
Processamento
Este tipo de imagem ganha em função do coeficiente da imaginação do fotógrafo no momento do registo, mas igualmente no ato do processamento. A liberdade na edição do ficheiro faz parte integrante do processo de criação da obra.
A fotografia em concreto sofreu alguns ajustes, nomeadamente ao nível da tonalidade das cores quentes e frias.
Inicialmente no Adobe Camera Raw ® resolvi começar por subir consideravelmente a exposição em 1,5 stop, aumentar os realces, assim como reforçar as sombras e os brancos.
Posteriormente, em ambiente do Photoshop ®, na cor seletiva, optei por alterar a ambiência do azul, adicionando mais percentagem de magenta e amarelo e, por outro lado, na tonalidade amarela, aumentar ainda mais os tons quentes e atenuar a predominância do azul.
Configurações da câmara
Câmara: Fujifilm XT4
Objetiva: XF 80mm F2.8 R LM OIS WR Macro
Distância focal: 80mm / Tempo de exposição: 1/125seg / Abertura: f/16 / ISO: 400 / Sem tripé
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